Em pleno século XXI continua a haver pessoas acusadas de bruxaria que são perseguidas e até mortas em várias partes do mundo, sobretudo em África, no Sudeste Asiático e na América Latina.
A perseguição às bruxas é um problema muito antigo: Na Europa, a época da caça às bruxas durou do século XV até ao século XVIII e atingiu o seu pico entre 1560 e 1630, de acordo com o historiador alemão Wolfgang Behringer.
O professor da Universidade do Sarre estima que entre 50 e 60 mil pessoas foram mortas nesse período, apenas na Alemanha.
Hoje em dia o problema persiste, mas sobretudo no hemisfério sul, segundo o professor Behringer:
“Na Tanzânia, entre 1960 e 2000, aproximadamente 40 mil pessoas foram assassinadas acusadas de suposta bruxaria. Bruxaria não é crime na Tanzânia, segundo o direito penal, mas muitas vezes são os tribunais de aldeia que decidem que certas pessoas devem ser mortas.”
Albinos e deficientes são alvo
Pouco se sabe sobre o número de vítimas antes de 1960. Na Tanzânia, as vítimas são principalmente pessoas com albinismo, pois há quem acredite que certas partes do corpo de albinos podem ser usadas como remédios.
No Gana e noutros países, sobretudo da África Ocidenal, verifica-se outro fenómeno sinistro: algumas comunidades atribuem o nascimento de uma criança deficiente a supostas práticas de bruxaria por parte de vizinhos que recorrem à bruxaria.
Crianças negligenciadas
No Congo, as chamadas crianças bruxas são expulsas pelas suas famílias. Na cidade de Bukavu, no leste do país, uma ONG, de que faz parte Thérèse Mapenzi, cuida dessas crianças.
Mapenzi, nomeadamente, ajuda essas crianças a lidar com o seu trauma, colocando-as em orfanatos e tentando encontrar vagas em escolas para elas.
Thérèse Mapenzi afirma: “Ouvimos falar de vários casos em que crianças são violadas e depois não são mais aceites pelas suas famílias. Ou nasceram fora do casamento e têm que viver com um pai que não as aceita.”
“Essas crianças muitas vezes foram espancadas até sangrar. Sempre ficamos chocados ao ver essas crianças sem proteção, que foram marcadas como feiticeiras. Como pode isto acontecer em plemo século XXI?” – questiona Mapenzi.