Luanda – Angola poupou, no primeiro semestre deste ano, 300 milhões de dólares (USD) na importação de bens alimentares, ao consumir apenas 980 milhões, contra 1,3 mil milhões do mesmo período de 2019, anunciou hoje, em Luanda, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior.
De acordo com o governante, que falava numa conferência alusiva ao 32º aniversário da Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA), estes números devem-se às medidas de estabilização do mercado cambial, em curso desde 2018.
Conforme o ministro de Estado, estas medidas levaram à variação da taxa de câmbio e a uma maior depreciação da moeda nacional.
Explicou que a gestão do mercado cambial, com base em taxas de câmbio “administradas”, estava a levar o país à exaustão das Reservas Internacionais Líquidas, e exemplificou a diminuição em mais de USD sete mil milhões, entre Dezembro de 2016 e Dezembro de 2017.
“Com as reformas introduzidas no mercado cambial, a conta corrente da Balança de Pagamentos que era deficitária até 2017, em 2018 e 2019, passou a evidenciar saldos positivos mesmo com a queda do preço do petróleo, devido à pandemia da Covid-19”, adiantou.
Disse que, por essa razão, no primeiro trimestre de 2020 o saldo da conta corrente da mesma balança foi igualmente positivo, fixando-se em cerca de 6,8 porcento do Produto Interno Bruto.
Para o governante, a depreciação do Kwanza torna as importações mais caras, induzindo os agentes económicos a apostarem na produção nacional em vez de os importarem, uma vez que o objectivo estratégico do Executivo é o aumento desta produção e a transformação da actual estrutura económica do país, ainda muito dependente do sector petrolífero.
Anunciou, por outro lado, que foram já aprovados mais de 500 pedidos de financiamento, ao abrigo das iniciativas do Programa de Apoio ao Crédito (PAC), para suporte das metas do PRODESI, com destaque para o financiamento de mais de 300 cooperativas nos ramos da agricultura, pecuária e pescas, cujo total disponibilizado ultrapassa os 140 mil milhões de kwanzas.
Referiu que o Programa Integrado de Desenvolvimento do Comércio Rural, aprovado este ano, vai permitir que a produção chegue aos grandes centros de consumo, criando riqueza para os produtores e eliminando ao máximo o desperdício.
CCIA
Por sua vez, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA), Vicente Soares, disse que vão continuar a trabalhar para a criação de um bom ambiente de negócio, capaz de melhorar a posição de Angola junto das agências internacionais de Rating e fazer a diplomacia económica por via dos parceiros.
Durante a conferência, foram abordados temas como “O papel do sector privado no desenvolvimento económico e social”, “O impacto da pandemia covid-19 na actividade empresarial em Angola”, “Diálogo social público-privado” e “O papel das câmaras de comércio”.
Constituída a 8 de Novembro de 1988, com 43 empresas, a CCIA congrega, actualmente, quatro mil e 164 membros, sendo 802 directos e três mil e 362 resultantes de associações sectoriais, câmaras provinciais e municipais.
Conforme o seu presidente, contribuiu para a realização de 270 missões empresariais, 500 participações em feiras e fóruns de negócio e tem acordos de cooperação com 96 organizações, duas instituições do Sistema das Nações Unidas, com destaque para a Organização Internacional do Trabalho (OIT).