A China anunciou que vai permitir às suas empresas que comprem mais 20 por cento de petróleo nos mercados externos, em 2021, numa altura em que a queda dos preços ameaça os Estados produtores, incluindo Angola.
O aumento na quota para as importações, anunciado pelo Ministério do Comércio, equivale a cerca de 823.000 barris por dia, um impulso modesto, mas importante, numa altura em que as principais economias do mundo estão em recessão, devido à pandemia da covid-19.
O preço do barril está actualmente a ser negociado em torno dos 35 dólares, face a 60 dólares no início do ano.
O país asiático, o maior importado de petróleo do mundo, tem expandido a sua capacidade para refinar o crude.
A nova refinadora do país, a Zhejiang Petrochemical, inaugurou esta semana uma unidade de destilação de petróleo bruto, capaz de processar 200.000 barris por dia, segundo a imprensa local.
A refinaria privada Shenghong Petrochemical Group está também a trabalhar na construção da maior unidade de petróleo bruto do país, com início de operação programado para o final do próximo ano.
O aumento da procura chinesa poderá beneficiar Angola, que vende dois terços do seu petróleo para o país asiático.
O aumento da compra de petróleo é especialmente crítico numa altura em que Luanda necessita de gerar receitas que permitam cumprir o serviço da dívida com o Fundo Monetário Internacional e os credores chineses.
A China reduziu constantemente as suas compras de petróleo africano, ao longo dos últimos 10 anos, optando antes por fornecedores no Golfo Pérsico, Estados Unidos, Rússia e Brasil.
Em 2008, a China importava quase um terço do petróleo de três países africanos – Angola, República do Congo e Sudão. Mas o interesse pelos fornecedores africanos tem caído. Só em Angola, as importações chinesas caíram 18 por cento ao longo da última década.
No ano passado, a China transferiu grande parte das suas compras de crude para a Arábia Saudita. As importações chinesas de petróleo bruto daquele país aumentaram quase 47 por cento, face ao ano anterior.
A posição da Arábia Saudita como principal fornecedor da China é disputada pela Rússia. Uma nova variável é também a Líbia. Depois de anos de guerra civil, os líbios estão a voltar a comercializar petróleo, com cerca de 300.000 barris a entrar no mercado diariamente.
Analistas consideram que se os líbios mantiverem este ritmo, poderia impactar negativamente a posição de Angola no mercado.