Em Yiwu, cidade do leste da China, começou a ser disponibilizada à população uma vacina contra o coronavírus, ainda que esteja em fase experimental. Centenas de pessoas fizeram fila para a receber e pagaram por isso.
Centenas de pessoas formaram na fila junto ao hospital em Yiwu, onde enfermeiras estão a administrar a vacina experimental contra a covid-19, por uma taxa de cerca de 60 dólares, ou seja cerca de 51 euros, segundo a BBC.
Para esta vacina ainda não foram concluídos os testes clínicos, o que não impede os serviços de saúde de Yiwu de a ministrar e cobrar por isso. As últimas informações sobre os avanços nesta vacina, de acordo com os resultados publicados sexta-feira passada na revista cientifica The Lancet Infectious Diseases, mostrou ser segura e capaz de induzir uma resposta imunitária em voluntários saudáveis.
Terão sido conseguidos níveis positivos de tolerância a todas as doses testadas, sem relatos de reações adversas graves entre os participantes. Os primeiros testes à BBIBP-CorV, uma potencial vacina inativada contra a covid-19 que está a ser desenvolvida na China, envolveram mais de 600 voluntários saudáveis, entre os 18 e 80 anos, permitindo avaliar os efeitos também num grupo de pessoas mais velhas.
De acordo com os resultados, foram detetadas respostas dos anticorpos em todos os voluntários 42 dias após a vacinação, uma notícia encorajadora para os investigadores.
“Proteger os mais velhos é um objetivo fulcral de uma vacina bem-sucedida, uma vez que este grupo etário corre um maior risco de doença grave. Contudo, as vacinas são por vezes menos eficazes nestes grupos, porque o sistema imunitário enfraquece com a idade”, explicou um dos autores, Xiaoming Yang.
Entre os participantes com mais de 60 anos, a resposta foi, ainda assim, mais lenta, demorando 42 dias até que os anticorpos fossem detetados em todos os participantes desse grupo etário, em comparação com os 28 dias necessários para os participantes mais jovens.
Por outro lado, os dois grupos também manifestaram diferenças em relação ao nível de anticorpos, mais alto nos participantes entre os 18 e 59 anos.
Este estudo não foi, no entanto, desenhado para avaliar a eficácia da vacina e, por isso, ainda não foi possível concluir se a resposta imunitária induzida é ou não suficiente para proteger contra a infeção pelo novo coronavírus.
Na primeira fase, os autores procuraram encontrar uma dose segura ideal da vacina, baseada no vírus SARS-CoV-2 inativado e num adjuvante.
Nos dois grupos, compostos por 96 pessoas, a vacina foi testada em três níveis de dosagem, com duas vacinações no dia 0 e 28. Um outro grupo de 48 pessoas recebeu um placebo.
A segunda fase, por sua vez, foi desenhada para identificar o cronograma ideal para a vacinação e foram testadas apenas quatro hipóteses: uma dose ou duas doses em três intervalos (entre os dias 0 e 14; entre os dias 0 e 21; e entre os dias 0 e 28). Um total de 336 participantes receberam a vacina e outros 112 o placebo.