Covid-19: Luanda dividida quanto à interdição de acesso às praias


A interdição de acesso às praias e zonas balneares até dia 15 de Outubro, provocada pelo aumento de casos do novo coronavírus em Angola, divide a população residente em Luanda. A época balnear começa a 15 de Agosto.

Ao microfone da RFI, Manecos Raul, motorista, defende que não era necessário o Governo impedir o acesso aos locais balneares, mas garantir condições para o respeito do distanciamento social.

O luandense reconhece a preocupação das autoridades sanitárias em conter a doença, porém, pensa que o Governo deveria seguir o exemplo de outros países da lusofonia, cuja situação epidemiológica é pior.

Manecos Raul defende a fiscalização dos locais por parte dos serviços de Protecção Civil e Bombeiros.

Perspectiva diferente tem Joana Martins, psicóloga residente na capital angolana. Aplaude a medida e diz que gostaria que o Governo adotasse mais iniciativas para evitar a propagação da covid-19.

A psicóloga sublinha que, apesar do uso de máscara em locais públicos e fechados, o melhor remédio para conter a propagação do novo coronavírus é ficar em casa, sublinhando que o país não está preparado para um colapso do sistema de saúde.

O Governo proibiu o acesso às praias e zonas balneares, “mas temos visto muitas pessoas em mercados e paragens públicas sem máscaras ou distanciamento social. Imaginemos nos locais balneários onde as pessoas estão expostas?”, interrogou.

Também o professor Adriano de Sousa felicitou a decisão da Comissão Interministerial para Resposta à Covid-19 sobre a interdição às praias: “não adianta abrir a época balnear tão cedo e depois quando se multiplicarem o número de casos decidem fechar. É só vendo os países de referência cujo sistema de saúde é dez vezes melhor que o nosso que ousaram abrir os locais balneários e agora estão a braços com uma segunda vaga da doença”, advertiu.

O docente acrescentou que, na sua opinião, o Governo não deve abrir este ano às praias para agradar a sociedade, deve antes aplicar medidas restritivas mais severas em locais como mercados e praias, acrescentando que a forte afluência de banhistas às praias apenas serviria para a rápida propagação do novo coronavírus no país.

A decisão consta da prorrogação das novas medidas adoptadas no âmbito da Situação de Calamidade Pública em Angola, a vigorar de 10 de Agosto a 08 de Setembro.

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