A multinacional francesa Total estará a alienar os 9% de acções que detém no consórcio com a Galp no Bloco 14 do offshore angolano.
A notícia foi divulgada pela agência Reuters, nesta quinta-feira, 05, através da qual confirma a intenção da filial petrolífera francesa em Angola, em alienar os 9% da sua participação no Bloco 14, do consórcio no Upstream, operado pela Chevron. Caso o negócio se efective, a Total poderá arrecadar cerca de USD 300 milhões, com a venda dos seus 20% detidos em participação no Bloco 14, que inclui os campos Tombua-Lândana, Cuito e os campos do projecto BBLT.
Além do consórcio da Galp, o referido Bloco em águas profundas angolanas é detido igualmente pela Chevron, com 31% no respectivo consórcio, Total com 20%, a petrolífera Italiana ENI com 20% e ainda pela Sonangol também com 20%.
A agência noticiosa que veicula a informação, não avança as razões, mas afirma que a decisão vem confirmar a intenção “por parte de grandes empresas energéticas” que pretende desinvestir no país.
Em finais de Abril de 2020, o director geral da Total Angola, Olivier Jouny, afirmou, em entrevista ao jornal Expansão, que a empresa estava “a trabalhar na redução dos custos técnicos e de produção, no sentido de fazer face às constantes alterações do preço” do petróleo no mercado internacional afectado pela crise da pandemia.
Entretanto, a petrolífera portuguesa Galp, com a qual a Total forma o consórcio que explora o Bloco 14, afirma que à empresa foram impostas sanções à cinco projectos e à seis licenças em Angola. “Os cinco projectos offshore já sancionados incluem os blocos 14 e 14K, actualmente em fase de produção com duas plataformas Compliant Piled Tower (CPT) e os projectos ainda em fase de exploração e desenvolvimento no bloco 32”, adianta o comunicado da empresa portuguesa, cuja a licença de produção foi atribuída em 1995, tendo o bloco iniciado a produção em Dezembro de 1999.
Redução de custos
O comunicado citado pela Reuters avança ainda que o consórcio decidiu, em 2016, terminar as actividades de perfuração para a “redução de custos” operacionais, tendo sido desmobilizadas “as sondas de perfuração acopladas às duas plataformas CPT do bloco”, levando assim ao “declíneo natural de produção” dos campos de produção no Bloco 14.
No entanto, a agência noticiosa refere que “a venda da participação da Total no Bloco 14 faz parte do esforço da empresa para se concentrar nos seus maiores e mais lucrativos campos de petróleo e gás em Angola, onde continua a ser a maior operadora”, citando uma das suas fontes.
“Em Dezembro passado, a Total e os seus parceiros prorrogaram a sua licença de produção no gigante Bloco 17 de Angola”, adianta a Reuters, referindo que “a Total e seus rivais, incluindo a BP, a Chevron e a Exxon Mobil pretendem vender dezenas de milhões de activos de petróleo e gás em todo o mundo no próximos anos, para reduzir a dívida que aumentou após o colapso dos preços do petróleo devido à crise do coronavírus”.
A Total está igualmente nos consórcios angolanos com a Galp, nos blocos 14K-A-IMI e 32. No bloco 14K-A-IMI a Galp detém 4,5% Galp, juntamente com a Chevron Overseas Congo LTD (que é o operador, com 15,75%), a Cabinda Gulf Oil Company (15,5%), a Sonangol (10,%), a SNPC (7,5%), a Total Angola (10%), a Total Congo (26,75%) e a Eni (10%). No bloco 32 a Galp detém 5%, onde a Total é o operador, com 30%, estando igualmente com a Sonangol Sinopec Int. (20%), Sonangol P&P (30%) e com a ExxonMobil (15%).
O Bloco 14 é constituído por oito áreas de desenvolvimento, compostas pelos consórcios Cuito, Benguela-Belize-Lobito-Tomboco (BBLT), Tômbua-Lândana, Negage, Gabela, Malange, Lucapa e Menongue. “As três primeiras áreas de desenvolvimento correspondem aos campos actualmente em produção”.
Presente em Angola há 64 anos, a Total, maior produtora de petróleo no país, com 640 mil barril/dia, produziu, em 2019, cerca de 40 mil barril/dia, numa área marítima de 4.091 quilómetros quadrados, em águas profundas com 2.000 metros de profundidade. Além da participação no bloco 14 a Total está explora os blocos 17, 32, Lianzi e ANLG. Possui uma força de trabalho de cerca de 1800 trabalhadores e colaboradores, sendo 80% destes, angolanos.