O paradoxo de um sector que tem produção em excesso mas que só chega a 42% do País

Angola tem uma capacidade de produção instalada que é mais do dobro do consumo actual. A barragem hidroeléctrica de Laúca, apesar de ainda ter um grupo para entrar em funcionamento no próximo ano (+ 334 MW), inverteu o quadro de muitos anos em que a produção térmica era maior que a produção hídrica, e projectou o valor global para valores muito acima do consumo actual (2.334 MW). Está ainda em construção mais um grande projecto hidroeléctrico, Caculo Cabaça, que terá uma capacidade produção 2.172 MW. Junta-se o projecto de Baines, desenvolvido em parceria com a Namíbia, sendo que a sua capacidade de produção é 600 MW, dividida em partes iguais pelos dois países.

Na outra face da moeda está a baixa taxa de electrificação do território, apenas 42%, sendo que o objectivo para os próximos cinco anos é aumentar este valor para 60%. Outro dos grandes desafios é aumentar as ligações domiciliares, em especial nos grandes centros urbanos, onde a falta de fornecimento de electricidade pela via oficial ainda é muito grande. E quando se fala de fornecimento oficial, pressupõe a existência de regularidade de consumo e contrato com o cliente.
A apetência de consumo que existe no nosso mercado, reflectido nos valores per capita em comparação com os nossos vizinhos, depende também de outros factores importantes – o desenvolvimento industrial e a capacidade de investimento do Estado para construir as infra-estruturas necessárias para levar energia eléctrica a mais gente e a mais empresas. Este é um dos paradoxos do sector, para rentabilizar a sua capacidade de produção terá de investir bastante em infra-estruturas de transporte e equipamentos de distribuição.
Rentabilizar a produção
Se olharmos para as projecções feitas para 2028 (ver página 4), Angola terá uma capacidade instalada de produção de energia de 8.205 MW e uma procura estimada de 3.885 MW. Resulta num diferencial de + 4.320 MW, pelo que há que ter uma estratégia para o aproveitamento deste recurso de forma a que produção não se mantenha, como agora, “ociosa”. Ou seja, que depois das centrais de produção instaladas, se garanta que estas não fiquem subaproveitadas.
O primeiro passo é ligar a rede nacional, sendo que grande parte da produção está no sistema Norte, mas ainda não chega ao Sul e Leste do país.

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