O adiamento da realização das Eleições Autárquicas em Angola, que estava previsto para o ano em curso, até agora, ainda vem levantando alguns tumultos por quase todos os cantos. Inclusive, dia após dia, vemos reacções de líderes dos partidos na oposição a posicionarem-se de um modo que dá a entender que o partido governo reconhece a possibilidade de perder na maior parte dos municípios do país.
Por um lado, é naturalmente aceitável tais pronunciamentos por parte dos que lutam pelo poder, uma vez que todos os actos procedidos pelo partido que governa deverão ter um olhar unicamente crítico, não importando as razões ou boas intenções. Por outro lado, no que analisamos ao detalhe este adiamento, consegue-se perceber facilmente muitos factores que, efectivamente,dão peso a tomada desta decisão por parte do Executivo.
Antes de tudo, façamos uma breve viagem a quem decidiu cumprir livremente com a implementação das autarquias locais, tal como sempre consagrou a Constituição da República: o mesmo que leva a cabo uma reforma do Estado combatendo milhares de arbitrariedades e irregularidades que eram impunemente cometidos, João Lourenço. Entretanto, todos vimos e vivemos uma contingente realidade, ninguém jamais teria pensado que muitos dos seus sonhos e realizações viriam a ser corrompidos pela pandemia que se abateu sobre as nossas vidas.
Deste modo, as nossas vidas, inesperadamente, tiveram que ter um guião diferente, pois o “reallity show” que vivemos deste o primeiro trimestre deste ano nos trouxe vários problemas, sobretudo no campo económico. Quantos perderam os empregos ou estão em situações economicamente lamentáveis? Até eu que vos escrevo, reconheço que as receitas ficaram um pouco mais apertadas e muitos dos meus projectos pessoais terão que ser consolidados para o ano, infelizmente – “risos”.
Com efeito, em virtude dos gastos que se tem feito no âmbito do tratamento do Covid – 19, aliado ao facto de que os preparativos e o processo todo das eleições autárquicas também carecerão da retirada de “notas gordas” dos cofres do Estado, é fácil criticar o adiamento desta tão esperada implementação, uma vez que é evidente a possibilidade da prorrogação da implementação das autarquias.
Todavia, em tom de cidadania, devemos apelar ao Executivo, de modos a mostrar que existe deveras a intenção de tornar real as autarquias em Angola, nos próximos dias afirmar para quando a realização das eleições, pois temos estado a conhecer um presidente diferente, movido pelas leis e as ansiedades dos cidadãos.