A operação de privatização da ENSA deve avançar no final de Novembro e deverá estar concluída em Abril, disse à Lusa o presidente da seguradora, Carlos Duarte, adiantando que está “em aberto” a percentagem a alienar.
A seguradora pública é uma das 195 empresas que o Governo inscreveu no programa de privatizações lançado no ano passado (PROPRIV) e que inclui vários activos do sector financeiro.
Carlos Duarte afirmou que “não está vedada a possibilidade de fazer uma alienação total ou parcial”, devendo ser avaliadas todas as possibilidades.
“Está tudo em aberto e isto dá maior possibilidade para atrair qualquer tipo de investidores”, disse o presidente do Conselho de Administração da ENSA – Seguros de Angola.
Segundo o mesmo responsável, a ENSA espera ter todo o processo de consultoria, avaliação financeira e ‘due dilligence’ (diligências prévias) concluído em Novembro.
“Penso que, no final desse mês, haverá condições de colocar a operação no mercado”, adiantou.
Entre Dezembro e Fevereiro ou Março, “a operação estará no mercado”, devendo o concurso para receber as propostas de potenciais investidores ser aberto por essa altura e Carlos Duarte estima que o processo termine em Abril. Só nessa altura se saberá se haverá uma segunda fase.
“Em função do resultado do concurso , as acções que não forem vendidas na primeira fase poderão ser colocadas no mercado bolsista de Luanda através de um IPO (Oferta Pública Inicial) num período que pode ir de três a cinco anos”, salientou, reforçando que a estratégia vai depender dos resultados obtidos.
Tudo vai depender “da dinâmica e do apetite” que a operação gerar no mercado internacional, embora Carlos Duarte admita que o momento que se vive “não é o melhor, porque há uma crise de confiança” também devido à pandemia de covid-19.
Mais importante do que o preço, frisou, sem avançar perspectivas de encaixe financeiro “será a sustentabilidade da empresa a longo prazo”.
Questionado sobre as manifestações de interesse que a empresa já suscitou, Carlos Duarte afirmou que houve “sinais positivos” de operadores da região, nomeadamente da África do Sul, do sudoeste asiático, da China e da Europa, mas não da parte de Portugal até agora.
Quanto ao futuro da seguradora, passa por “iniciativas estratégicas muito focadas na eficiência da empresa e o reposicionamento do seu ‘core business'”, através do desinvestimento em algumas actividades e desagregação de outras, até agora internalizadas.
Por exemplo, a ENSA optou por fechar o seu centro médico e vai procurar parcerias nesta área, tal como no imobiliário.
Carlos Duarte realçou que a gestão do património imobiliário da seguradora, uma herança do passado e “que representa um grande encargo em termos de gestão”, vai passar a ser feita por um fundo, uma avaliação que está actualmente em curso, prometendo mais detalhes nas próximas semanas.
A ENSA detém cerca de uma centena de imóveis, grande parte residenciais, com cerca de 1000 arrendatários.
O responsável da seguradora garantiu ainda que, no decurso da privatização, não serão feitos processos de despedimento colectivo. No entanto, “aqui e ali” nas unidades de negócio não-core “irá haver uma transferência destas pessoas e dos activos afectos a esta actividade” para outras onde a ENSA vai investir.
Entre estas estão a prestação de serviços de saúde, imobiliário e peritagem e averiguação de riscos patrimoniais, áreas onde a ENSA tenciona criar parcerias com entidades vocacionadas e especializadas.
A seguradora de capitais públicos emprega actualmente 600 trabalhadores.