Já é um assunto de domínio público que muitos dos professores do sector privado, nesta fase pandémica e de magra economia, passam por uma situação financeiramente delicada, por conta da inexistência dos salários ao longo destes meses todos que, por causa da Covid – 19, levaram a paragem das aulas.

Com efeito, após as recomendações da UNICEF e da Organização Mundial da Saúde, que os países africanos devessem reabrir as escolas, muitos professores do sector privado viram nestas recomendações a luz no fundo do bolso, visto que, deste modo, “poderemos voltar a ter a possibilidade de resolver as nossas necessidades que só o salário pode fazer”, afirmou Sérgio Matias, professor do segundo siclo de ensino.
Porém, e como se diz: “enquanto uns riem, outros choram”, os encarregados de educação não vêem com os mesmos olhos para esta ideia. Os pais recusam-se a terem que pagar por aulas atropeladas, que não ajudarão no bom aprendizado dos seus filhos, visto que já não se vai a tempo de salvar o ano lectivo.
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Para alguns deles, não se pode nem pensar nisso agora, visto que o contágio e as mortes só crescem. Moniz Carlos, encarregado de educação, acha que “o ano já caminha para a sua recta terminal, e num momento em que a propagação e mortes por Covid – 19 vai aumentando, de facto, o regresso às aulas seria como expormo-nos deliberadamente ao vírus. Apelar a reabertura das escolas seria como banalizar conscientemente o perigo, e ainda assim, dar o peito as balas”, conclui.
Muitas pessoas acham que, realmente, é triste o facto de professores do sector privado terem que passar por esta situação, uma vez que desempenham das mais importantes funções dentro de uma sociedade. Entretanto, na senda da procura por alguma solução, percebemos que o Estado não pode ficar indiferente diante de um cenário que aflige milhares de pessoas, nacionais e estrangeiros, ao ponto de deixa-los sem ter o que comer.
“Entende-se que o Estado tem a faculdade de dar um tratamento justo para esse problema. Tal como vê-se em outros países, no âmbito do apoio social que o Estado pode dar a estes profissionais, devia conceder empréstimo directo aos professores, cujas respectivas instituições pagam a caixa social, a fim de colocar fim ao problema que muitas famílias enfrentam nesse momento”, sugeriu Ana Paula, socióloga.