As províncias da Huíla, Cabinda, Benguela e Lunda-Norte, comparativamente a de Luanda reportaram, em números menores, a exposição do novo coronavírus, revelou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública.
Franco Mufinda, que falava na sessão diária de actualização de dados da Covid-19, considerou a província de Luanda com maior circulação comunitária do vírus que causa a doença. Indicou que dados recentes apontam para exposição de quatro pessoas, em cada 100, na base da testagem rápida serológica que foi concluída há alguns dias.
Face ao actual quadro epidemiológico, Franco Mufinda aconselhou a população a reduzir o tempo de exposição em aglomerações, como nos mercados e paragens de táxis. “É preciso saber que ficando mais tempo nestes locais há maior probabilidade de aumentarmos a contaminação”.
Justificou que as medidas de prevenção só terão efeitos caso as pessoas façam o uso correcto da máscara facial, lavagem com frequência das mãos com água e sabão. Acrescentou ainda que é importante desinfectá-las com álcool em gel, a não violação da cerca sanitária, assim como manter o distanciamento físico.
Especialistas apontam intercâmbio como “arma” contra a pandemia
A conjugação de forças e o intercâmbio de conhecimentos científicos entre os especialistas da Medicina Convencional e Natural pode ser fundamental para reduzir o número de infectados e mortes pela Covid-19 no país, defenderam ontem, em Luanda, profissionais da saúde.
Em declarações à Angop a propósito do aumento do número de casos positivos e mortes pelo novo coronavírus, os médicos apelam a criação urgente de uma comissão multissectorial de especialistas da Medicina, visando inverter o quadro epidemiológico no país.
Com o surgimento da circulação comunitária do vírus em Luanda, urge a necessidade do Ministério da Saúde solicitar os especialistas das diferentes áreas da Medicina, com vista a avaliar o real quadro epidemiológico do país e traçar acções concretas para cortar a cadeia de transmissão da doença.
Segundo o médico Euclides Sacomboio, para o alcance deste objectivo é necessário a criação de um conselho ou uma comissão de especialistas independentes, que analisam e partilham conhecimentos científicos, propondo medidas recomendáveis para melhorar o sistema de saúde pública no país. “Aconselho o Ministério da Saúde a convocar profissionais de várias áreas da Medicina, avaliando as capacidades e competências intelectuais de cada especialista, para fazerem análises externas da real situação epidemiológica do país e apresentar as melhores soluções possíveis”, alertou.
O também bioquímico e docente universitário sugere a criação de uma possível comissão de especialistas para analisar e debater questões ligadas às outras doenças, como a malária, diabetes, hipertensão arterial e HIV/Sida. A mesma ideia é partilhada pelo nutricionista José Nguepe, que considera o aumento do número de infectados pela Covid-19 no país como uma oportunidade para todos os especialistas da Medicina Convencional e Natural unirem forças e partilharem conhecimentos científicos.
O naturopata alerta às autoridades sanitárias a “não ignorarem ou menosprezarem a Medicina Natural”, por ser um dos ramos da saúde que tem várias opções para curar muitas doenças. “No país e no mundo a doença da Covid-19 está a se alastrar e as pessoas estão a morrer, obrigando a conjugação de esforços entre os especialistas da Medicina para uma solução urgente ao problema de saúde pública”, sublinhou.
Segundo José Nguepe, a criação de uma comissão multissectorial de especialistas, no actual contexto do país, permitiria traçar um plano conjunto e adopção de medidas pragmáticas para salvar a vida das famílias angolanas. Olhando ainda para a evolução do quadro epidemiológico do país, o especialista em Saúde Pública Domingos Cristóvão prevê uma redução de casos positivos em finais de Agosto, caso se observe todas as medidas de prevenção individual e colectiva, assim como se envolva todos os saberes da classe médica.
Entretanto, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, assegurou, recentemente, em conferência de imprensa, que a Comissão Multissectorial de Prevenção e Combate à Covid-19 conta com a contribuição de todos, para travar a progressão do vírus no país.