“2020 foi um dos anos mais complicados para a indústria espacial”

A afirmativa foi feita pelo director geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, durante o webinar “ANGOSAT-2: benefícios económicos para a melhoria da vida das populações”. Contudo, garantiu o lançamento do satélite angolano num prazo de 17 meses.

“2020 foi um dos anos mais complicados para a indústria espacial. Tivemos que reinventar para garantir que o nosso satélite fosse entregue num tempo útil. Continuamos a identificar riscos, tentamos ser cautelosos e estamos a 17 meses do lançamento do ANGOSAT-2”, adiantou.

Zolana João informou também que o ANGOSAT-2 será sete vezes mais veloz do que o seu antecessor: “o ANGOSAT-1 foi pensado como satélite convencional, com feixe de comunicação amplo, independentemente da localização. Com isso, tínhamos algumas limitações, começando com a largura de banda. Este será sete vezes mais rápido, com altas taxas de transmissão e podemos transmitir inteligentemente em feixes menores e para regiões determinadas”, explicou.

Com isso, pretende-se minimizar a problemática da divisão digital, ou seja permitir o acesso, de forma igualitária, a todos os angolanos, aos benefícios oferecidos pelas Tecnologias da Informação e a Comunicação (TIC).

De recordar que o continente africano possui 526,7 milhões de pessoas. Contudo, apenas 39,3% desses, possuem acesso à Internet. Com 32 satélites lançados actualmente, o director Zolana João lembrou que 60% desses são experimentais, de pequeno porte, “enviados ao espaço para fazer capacitação dos quadros. Apenas 40% são de grande porte como o ANGOSAT-2”, que encontra-se, neste momento, em fase de montagem de componentes com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2022.

Para operacionalizar o satélite, o GGPEN conta com uma equipa formada por setenta integrantes, dos quais vinte são mestres e quatro doutores, que actuam no Centro de Controlo e Missão de Satélites (MCC), na Funda, em Luanda.

“Para além dos técnicos certificados, formamos um grupo de engenheiros que merece algum destaque. Dois engenheiros estiveram entre os dez melhores da indústria espacial africana e um outro foi escolhido para participar em um programa de formação de drones”, informou.

Destaque internacional

Angola é membro do Comité de Peritos em Satélite da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), sediando, inclusive, o Escritório de Gerenciamento de Projectos (PMO), que está responsável pelo estudo de viabilidade do satélite compartilhado da SADC. Tal participação foi um dos destaques colocados pelo director Zolana João, que falou ainda sobre o compromisso do Governo em cumprir com as agendas internacionais:

 “A Agenda 2030, constituída pelos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2063 da União Africana orientam que a formação deve ser a base, por isso estamos a investir na formação de quadros, tendo já formados  45 especialistas nas diversas áreas espaciais”.

Ainda dentro do Programa Espacial Nacional, Zolana João informou que o GGPEN desenvolveu um projecto que tem auxiliado a Administração do Talatona a conter ocupações ilegais de terrenos.

“Desenvolvemos uma ferramenta para mapear como esse crescimento tem sido feito e pode ser replicado para controlo das fronteiras, para uso das forças armadas, dentre outros”, adiantou.

Com tal exemplo, os participantes do webinar demonstraram a importância de Angola investir não apenas em satélites de comunicação, como o caso do ANGOSAT-2, mas também em satélites de Observação da Terra, próximo a ser lançado pelo Governo angolano.

“No caso particular do nosso país que é vasto, com populações muito dispersas, o satélite tem uma função muito importante, nas telecomunicações, na agricultura, na exploração de petróleos, dentre outras. Por isso, decidimos avançar com este programa e dentro de muito pouco tempo os resultados estarão visíveis para todos”, garantiu, o Secretário de Estado para as Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Mário Augusto Oliveira.

Transmitido pelas plataformas digitais do Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), o webinar “ANGOSAT-2: benefícios económicos para a melhoria da vida das populações” teve como objectivo partilhar a evolução actual do projecto, os desafios, as oportunidades e os benefícios do Programa Espacial Nacional para a melhoria das vidas das populações.

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