O Presidente angolano criticou hoje quem está a tirar proveito político da atual situação mundial, “que não foi criada pela boa ou má atuação dos governos”, lembrando que as medidas adotadas se destinam a salvar vidas.
João Lourenço expressou a posição numa mensagem à nação, durante uma cerimónia que serviu igualmente para homenagear categorias profissionais que têm se destacado na luta contra a pandemia de covid-19.
O chefe de Estado angolano frisou que as medidas que o executivo determinou no Decreto Presidencial em vigor “visam salvar a vida dos angolanos, e, portanto, devem ser acatadas pelos cidadãos”.
Para quarta-feira, data que se comemora 45 anos de independência do país, foi convocada uma manifestação, promovida por um grupo de jovens ativistas para reivindicar melhores condições de vida e a marcação de uma data para as primeiras eleições autárquicas em Angola, entretanto proibida pelo Governo Provincial de Luanda.
Na sua intervenção, o Presidente angolano lamentou que os anos que se seguiram à independência não tivessem sido aquilo com que os angolanos sonharam, que seria o de edificar um país desenvolvido, onde os angolanos passariam a beneficiar das amplas riquezas que a natureza oferece e recuperar a dignidade merecida como seres humanos de um país livre.
Segundo João Lourenço, ao longo de três décadas, Angola teve de enfrentar agressões militares externas e uma guerra entre irmãos, que destruiu não só as principais infraestruturas do país, como as famílias e de uma forma geral o tecido humano.
Em 2002, foi alcançada a paz e a reconciliação nacional, prosseguiu João Lourenço, que permitiu o início da reconstrução nacional e usufruto do direito e garantias contemplados na Constituição da República.
“O país enfrentou sérios desafios à sua própria existência, mas soube sempre superá-los, porque se apoiou na força do seu povo, mas também alcançou grandes conquistas que temos obrigação de as preservar e consolidar”, referiu.
O chefe de Estado angolano realçou que o país está a consolidar as bases de um verdadeiro Estado democrático e de Direito e de uma verdadeira economia de mercado, onde o setor empresarial privado tem o papel de destaque, na criação de riqueza nacional e na oferta de postos de trabalho.
O combate à corrupção, ao nepotismo e ao compadrio foram igualmente focados por João Lourenço, reafirmando que “têm cada vez menos possibilidade de continuar a reinar no país”.
“Na sequência de corajosas medidas que o executivo e a justiça vêm tomando contra aqueles que se locupletaram de incentivos financeiros e patrimoniais públicos, que dariam para financiar o Orçamento Geral do Estado angolano”, disse.
“Reafirmamos o nosso compromisso para com o povo e da boa governação, da transparência na gestão da coisa pública, do combate contra a corrupção e da moralização da sociedade”, disse o Presidente, salientando que “a imagem de Angola no exterior melhorou consideravelmente pela seriedade das políticas em curso”.
João Lourenço realçou que nos últimos meses, os angolanos têm convivido com medidas excecionais, que alteraram substancialmente o modo de vida, obrigando a suspender o funcionamento do sistema de ensino, “tão importante para o presente e o futuro do país”.
Nesse sentido, o Presidente angolano destacou algumas categorias profissionais, “que estando na linha da frente têm consentido sacrifícios acrescidos para a prevenção e combate à covid-19, para que o país não pare, para que a esperança continue presente”.
Foram destacados os trabalhadores do setor da saúde, da defesa e segurança, pilotos, empresários e jornalistas.
Fonte: Lusa